Além da mídia social

Como ter sucesso no crowdfunding – Parte 2

crowdfunding4Uma ideia na cabeça

A primeira coisa que se tem a fazer é analisar se o que você está pensando em propor já não foi feito por outra pessoa ou instituição. Projetos exclusivos ou inovadores tendem a atrair mais doadores do que os outros. Vale refletir também sobre o quão apaixonante sua ideia é. Quanto mais sedutora ela for, mais mobilizará pessoas e, consequentemente, maior será a chance de bater as metas.

Um ponto importante é a facilidade de explicar a ideia. Ideias que podem ser resumidas em um parágrafo são boas. Caso passe desse ponto é melhor revê-la. O passo em seguida é desenhar como sua ideia funciona. Vale investir um tempo detalhando todos os passos para que se transforme em algo real. Mais informações dão confiança aos possíveis doadores.

Quem? Como? Quando?  Onde? Por quê? Para quê? Quanto? São perguntas que devem ser respondidas, mesmo que de forma indireta. As pessoas querem saber se você entende o assunto o suficiente para desenvolver o que propõe e se tem condições para concluir o trabalho. Faça apresentações gráficas, grave um vídeo, escreva um guia com perguntas e respostas frequentes, convide personalidades no tema para darem depoimentos e mostre que o projeto foi bem elaborado.

Conte uma história para engajar

Quando se trata de um crowdfunding, pense que você contará uma história com ambientação, enredo, personagens e, é claro, um belo final feliz. Preocupe-se em motivar as pessoas, dê a elas a chance de participar de um desafio de superação e elas te seguirão. Se a proposta partir de uma vitimização, não irá muito longe. Evite os termos “ajude” e “doar”, prefira “colabore” e “contribua”.

E o que as pessoas ganharão em fazer parte da sua jornada? Primeiro estabeleça uma política de cotas que seja atraente, começando em contribuições de R$ 10 ou R$ 15, mas que podem chegar a milhares de reais.

Para recompensar pode pensar em agradecimentos virtuais, dedicatórias, produtos ou serviços. Por exemplo, um patrocinador corporativo pode receber uma palestra sua sobre um tema.

Tenha um plano para gerir riscos

Muito antes do lançamento do projeto é necessário fazer um planejamento de todas as ações de arrecadação. Funciona mais ou menos como um filme: teaser são lançados, cabines para imprensa são feitas e depois o filme é colocado à disposição dos cinemas e aí entra o trabalho pesado de divulgação.

O risco de sair com um projeto do zero, ir direto para divulgação e quebrar a cara é grande. O ideal é você contar com 20% ou 30% do valor que está pedindo antes de começar.

É nesse estágio que vale usar a sua rede de relacionamentos e tentar cooptar os apoiadores iniciais, visto que o tempo disponível para arrecadação costuma ficar entre 30 e 60 dias, dependendo da ferramenta escolhida e do valor alvo.

Assim que o projeto for lançado, faça uma força para que sua rede contribua no menor tempo possível. Outras pessoas se motivarão e lhe darão crédito ao verem as doações acontecendo. Tem um ponto a mais projetos feitos por mais de uma pessoa, pois envolverá mais relacionamentos e exposição.

Caso o valor desejado esteja acima de R$ 20 mil, é melhor contratar ou contar com a colaboração de uma assessoria de imprensa. Queimar a largada é morte certa.

Em 60 dias há aproximadamente 8 semanas. Minha sugestão é que você planeje: lançamento (2 semanas), estimulação para meta com foco nas recompensas (4 semanas) e mobilização dos colaboradores (últimas 2 semanas).

Pense nos públicos para criar o efeito onda e não os ative todos de uma vez, exceto no lançamento. A segmentação da comunicação traz ótimos resultados.

Analise as plataformas

Em paralelo a tudo isso, pesquise as plataformas de arrecadação e a forma de funcionamento de cada uma. Dependendo do projeto há plataformas específicas.

Já utilizei o Catarse e o Mobilize e tive experiências positivas nas duas. A primeira usei para financiar um documentário e a segunda, nativa no Facebook, para arcar com as despesas de um livro. Conheço profissionais que utilizaram o Kickante e também não tiveram problemas.

A questão a que se deve ficar atento é se a plataforma só libera os recursos se a meta for atingida ou repassará o valor independentemente do sucesso. Tenha clareza também sobre as taxas envolvidas, que podem chegar a quase 20% do total arrecadado (utilizando o Kickante, sem obrigatoriedade de bater a meta).

Com o projeto lançado, chega a hora de colocar o pé na estrada, no caso, na mídia social, no e-mail marketing, nas reuniões com os amigos ou qualquer outra situação que possa falar com pessoas.

Comunique-se

Se fez o trabalho de planejamento direito, todas as peças publicitárias já estarão prontas e isso lhe poupará muito estresse. É bom usar alguma ferramenta de disparo de e-mails terceirizada. Para grandes quantidades recomendo o Sendgrid e para menores o Mailchimp.

Conforme as doações forem acontecendo, agradeça aos doadores e estabeleça uma rotina de informá-los semanalmente sobre a situação da campanha. Não tenha medo de pedir mais contribuições ou ajuda na divulgação. À partir do momento que ele colaborou, também quer ver a campanha dar certo. É um embaixador.

Utilize a mídia social com sabedoria e faça campanhas patrocinadas baseadas na lista de e-mails dos doadores. Ficará mais fácil encontrar outras pessoas com o mesmo perfil e interesses. Uma ou duas publicações diárias geram resultados.

Não sabe o que publicar? Destaque trechos do projeto, depoimentos de quem já colaborou ou de apoiadores, quantidade de dinheiro arrecadado até o momento e entrevistas com especialistas no tema que escolheu. Enfim, tudo que faça sentido e não tire o foco do expectador. Em todas as comunicações divulgue o endereço para a contribuição e mensagem motivadora.

O caminho do crowdfunding não é fácil, mas é um aprendizado que vale a pena! Ao decidir entrar, mantenha a disciplina e a dedicação em dia e seu projeto, com certeza, sairá do papel!

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Marcelo Vitorino

Marcelo Vitorino

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Professor na ESPM e consultor de comunicação e marketing digital, Marcelo Vitorino reúne experiência no marketing corporativo, eleitoral, institucional e político.

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