Além da mídia social

Vale a pena pagar por conteúdo na internet?

Motor da chamada era da informação, a internet é feita de dados. Dados são a matéria-prima da informação e é ela que você busca quando acessa um www. Nada mais.

Hoje chamamos a informação de conteúdo e, dependendo das competências cognitivas do usuário/leitor, tudo isso torna-se conhecimento.

Sabemos que são incontáveis as fontes de conteúdo gratuito na web com qualidade variando entre excelente e péssima. Há disponibilidade para todos os gostos. Por que então, cada vez mais, canais cobram por seu conteúdo e, o que faz muitos consumidores pagarem por ele? Quando você paga pela informação em uma plataforma, ela é melhor do que a disponível gratuitamente?

Na minha experiência, descobri cinco pontos que me convenceram que vale a pena sim, pagar por conteúdo on-line. Pontos como o foco que você dedica à notícia em um aplicativo até uma curadoria visualmente organizada, são alguns dos diferenciais que me fazem desembolsar com racionalidade, pequenos valores mensalmente.

1 – Melhora o foco na leitura

Praticamente todos os jornais e revistas que você assina on-line oferecem a experiência da leitura também por meio de um aplicativo off-line em que você pode acessar o conteúdo em um formato muito similar ao impresso.

Painel de cadernos do O Globo no aplicativo do ipad

Painel de cadernos do O Globo no aplicativo do ipad

Estes formatos trazem publicidade, mas como na mídia impressa, não há banners piscando a todo momento desviando sua atenção para uma cor mais chamativa ou um assunto mais leve – como uma promoção imperdível.

O que percebo nas minhas leituras, dentro dos aplicativos, é uma atitude de leitura focada. Consigo ler mais, com mais atenção e qualidade. O número de notícias que consigo processar também é superior do que quando estou conectada no site.

Fiz uma experiência e, mesmo sabendo que estava sendo auto-observada, quando li uma notícia no site do jornal, cliquei “rapidinho” em um remarketing incrível, prometendo voltar à notícia depois.

2 A própria curadoria e melhor encontrabilidade

Recentemente aceitei um desafio profissional para produção de conteúdo político. Isso me obriga a elaborar um histórico de informações sobre alguns temas. Um caminho é favoritar links nos navegadores ou salvar em um documento separado.

Uma vantagem dos aplicativos é você poder salvar seus favoritos para ler na íntegra, a qualquer tempo.

Independente do tema ou do objetivo é uma funcionalidade de destaque. É como ter sua clippagem o tempo todo com você.

3 A visão do contexto completo e sua decisão pelo itinerário

Abrir a home de um jornal lhe oferece inúmeros caminhos a partir de incontáveis hyperlinks. A vantagem de um formato impresso/digital é você ter a visão do todo nas primeiras folheadas. Esse, para mim, é o ground zero da leitura: quando você vai tomar a decisão do conteúdo a ser consumido. Esta experiência em um site é superficial.

“Mas a mídia é manipulada, só publica o que interessa a ela”, alguns dirão. Mesmo assim é um ponto de partida importante mesmo para quem queira a oposição, o que me leva ao próximo ponto.

4 Uma apoio crítico na possibilidade de sair e ampliar a informação

Se você é daqueles (como eu) que desconfia da maioria das notícias publicadas em um jornal, ainda assim recomendo pagar por conteúdo.

Existe uma diferença exponencial na qualidade da notícia paga. Como ela tem um tempo maior para publicar (uma vez por dia) – comparado ao imediatismo on-line – , isso reflete em um maior tempo de maturação das fontes e do texto, o que lhe oferece mais elementos para o entendimento do fato.

Mas não tenha o serviço pago como única fonte. Ele é um apoio inicial – o ground zero –, toda web está disponível para ser explorada com opiniões consoantes e dissonantes.

5 Fair Trade e respeito aos profissionais

Recentemente o jornal O Globo anunciou cerca de 400 demissões. Vi minha timeline mobilizada em opiniões como “é o fim do jornalismo”, “falta de respeito com a verdade”, “a crise chegou”, “a era dos estagiários”.

Fiquei pensando em quantas dessas pessoas indignadas estabelecem o fair trade com o consumo de notícias de jornais e revistas. Se a maioria prefere consumir conteúdo gratuito como uma empresa remunera bons jornalistas?

A conta é simples.

Uma ONG como a Transparência Internacional, produz um conteúdo relevante e de qualidade sobre a luta mundial contra a corrupção. Para isso, pede doações em dinheiro. A OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – realiza publicações sobre política e economia de relevância para governos e, para isso, recebem repasses financeiros de diversos países. O Wikipedia tem pedido doações em todo mundo para manter-se vivo. Você, pelo trabalho que executa é remunerado.

Como imaginamos um mercado de conteúdo com qualidade que sobreviva sem remunerarmos profissionais qualificados para isso?

Você pode consumir tudo de graça, mas não reclame quando sua fonte favorita sair do ar.

Maíra Moraes

Maíra Moraes

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Doutoranda em Comunicação e Sociedade na Universidade de Brasília (UnB), pesquisa as relações de poder implicadas no processo de produção de notícias e como as realidades são construídas por meio de narrativas e práticas dominantes. É gerente de projetos certificada PMP®, especializando-se na implementação de metodologias híbridas (presencial e a distância) de educação em redes públicas estaduais e municipais.

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