Com o passar dos anos notei um aumento considerável no número de especialistas em “mídias sociais”. Escrevi mídia social errado, no plural, propositadamente para evidenciar onde o problema começa. O mais correto ainda seria escrever “mídia social digital”.
A falta de qualificação certificada por meio de bons cursos, maturidade do mercado ou de tempo de existência das novas profissões contribuíram para que “especialistas” aparecessem sem sequer terem conhecimento cultural sobre o assunto.
Agências de comunicação e empresas costumam adotar jovens interessados no tema internet como especialistas porque sabem abrir um perfil em uma rede social, interagir com outros jovens nos canais digitais ou simplesmente porque inventaram uma forma de burlar um processo ou utilizar uma plataforma de modo pouco usual.
Não é preciso ir muito longe para ver a quantidade de equívocos criados quando a responsabilidade pela comunicação de uma empresa, produto ou marca, em um meio muito promissor como a internet, fica sob a responsabilidade um profissional inexperiente no meio digital.
O primeiro grande equívoco é tratar a mídia social digital como um fenômeno tecnológico em que os nerds imperam. É um dos maiores mitos que vi na web.
Claro que a maior parte dos produtores de conteúdo são aficcionados por tecnologia, fenômeno facilmente explicado quando se pensa na quantidade de informação que a pessoa precisa saber para ter um canal como um blog. Antigamente só aqueles que trabalhavam em áreas de T.I. (Tecnologia da Informação) conseguiam criar blogs, daí a quantidade surpreendente de blogs sobre tecnologia. A situação mudou muito e profissionais da comunicação passaram a orbitar nesse meio também.
Fique atento: ser especialista nessa mídia não é um concurso de quem tem mais amigos virtuais no Facebook ou seguidores no Twitter, quem consegue se despir na frente de uma webcam ou sobre quem tem o maior conhecimento de SEO (otimização para mecanismos de busca).
Para que um profissional seja um especialista em mídia social digital, primeiramente ele deve ter uma experiência e uma vivência que o possibilite entender melhor como as relações interpessoais funcionam, que é a base da mídia social. A pessoa deve, primeiramente, entender de gente, de comunicação em sua forma ampla, e não somente ter conhecimentos técnicos e ideia de que a vida dela se baseia toda em ambiente digital.
Em meu entender, especialistas de internet devem, necessariamente, passar um bom tempo desconectados, vivendo, assistindo bons filmes, lendo bons livros, conversando com amigos, discutindo com parentes e se, forem perspicazes, darão bons profissionais, daqueles que não prometerão resultados impossíveis ou venderão o sonho de que a web governa o mundo. Terão, antes de tudo, noção de que são uma pequena partícula dentro de um processo gigantesco.
Até mais.