Além da mídia social

Afinal, por que nos interessamos por aplicativos como o Sarahah?

Ele foi chamado de Formspring piorado, askFM, novo The Secret, modinha juvenil. Existem aqueles que o consideram uma estupidez. Febre do momento ou não, o fato é que nada impediu que o Sarahah se tornasse o aplicativo mais baixado e comentado no Brasil em menos de uma semana.

Isso significa que se você não se rendeu, ao menos ouviu falar dos encantos do aplicativo onde os usuários criam uma conta vinculada a um e-mail. Depois é só acessar o seu perfil para fazer perguntas ou enviar mensagens para outras pessoas de forma anônima. Sarahah é uma palavra árabe, que tem significado de franqueza em fez um grande sucesso no Oriente Médio e no norte da África. A ideia é que as críticas e feedbacks tenham impacto positivo, fazendo com que as pessoas saibam em que aspecto podem melhorar em suas relações com familiares e amigos.

Mas se o objetivo do aplicativo é tão claro, onde mora a polêmica? A internet favorece o anonimato. Não é a toa que, desde que a internet surgiu, nós, seres conectados, criamos contas de e-mail e perfis nas redes sociais com informações falsas com os mais variados objetivos. Vez ou outra, em algum cantinho do mundo, surgem aplicativos para tornar isso ainda mais fácil.

O sucesso do aplicativo Sarahah explica um fenômeno que vem sendo cada vez mais reforçado em números: nós usamos cada vez mais os aplicativos de mensagens. E à medida que eles ganham mais espaço e importância no nosso cotidiano, nos tornamos reféns de tecnologias que facilitam a nossa interação.

Ritmo de crescimento dos apps de mensagens

 De acordo com um relatório do BI Intelligence, apps de conversa como Telegram e WhatsApp estão superando redes sociais em número de usuários. O levantamento aponta que o número de usuários ativos mensal dos 4 maiores apps de conversa do mundo superou o das 4 maiores redes sociais do mundo em 2015.

O mesmo relatório ainda aponta um dado interessante: além de ter superado as redes sociais, os aplicativos de mensagens instantâneas estão mantendo um ritmo de crescimento superior ao das redes. O ritmo de crescimento das redes e dos apps pode ser visto no gráfico abaixo. O número de usuários ativos por mês do primeiro grupo ficou em 3 milhões, enquanto o segundo, em 2,5 milhões.

 

 

 

 

Relatório aponta que usuários de aplicativos de mensagens supera o das redes sociais

Relatório aponta que usuários de aplicativos de mensagens supera o das redes sociais

Esse é o momento no qual você aí deve estar se perguntando o que estaria por trás deste número curioso. O motivo desse crescimento é a queda nos preços dos smartphones e nos dados de internet. É a lógica natural do mercado: queda no preço é igual a aumento da demanda. O que teve impacto direto no mundo digital, na criação de aplicativos de mensagens e na quebra de várias barreiras de comunicação ao redor do mundo. Parece improvável, mas muitos de nós preferimos o exílio das redes. Local onde a exposição e criação de uma realidade construída são constantes, para se comunicar pelos apps de mensagens. Com eles, é cada vez mais fácil manter contato com pessoas distantes e conhecer um pouco mais sobre diferentes grupo e culturas.

O queridinho dos brasileiros

Essa é uma tendência que pode ser comprovada no nosso comportamento. Quando se trata de aplicativos de mensagens, nós brasileiros elegemos o WhatsApp como o mais popular. Nosso comportamento nas redes revela que outros aplicativos de mensagens fazem parte do nosso cotidiano. Um relatório da startup Opinion Box e do portal Mobile Time revela que o WhatsApp é usado diariamente por 89% dos usuários de smartphones no Brasil. Em segundo lugar, aparece o Facebook Messenger com 58% e com 18%. Em terceiro, o Telegram. Os números reforçam que por aqui e em grande parte do mundo os aplicativos de mensagem são uma ferramenta crescente de comunicação.

Mas afinal, e o Sarahah

Quando pensei em escrever esse artigo, tendo como ponto de partida o aplicativo que virou febre no Brasil, criei um perfil e publiquei o endereço nas redes sociais. Em seguida, solicitei que os amigos enviassem críticas construtivas de forma anônima. O resultado foram 30 mensagens. Tive sorte e a maioria dos recados foi positiva. Mas é claro que recebi também críticas nada construtivas.

Confesso que senti o impulso de responder, mas graças à dinâmica do aplicativo essa não é uma possibilidade. Através dessa experiência, compartilho que entre os pontos positivos do aplicativo está a certeza do anonimato. O visual clean e simples e a ausência de interferências ou propagandas durante o uso. Ah, e se tiver algum stalker enviando mensagens inconvenientes, você consegue bloquear para deixar de receber mensagens deste usuário.

Mas como nem tudo é perfeito, o aplicativo peca no principal. Não exige confirmação no e-mail ao criar um perfil. Assim, qualquer um pode pegar qualquer e-mail e criar uma conta em nome de qualquer pessoa. Se o Sarahah é só uma febre momentânea ou se veio para ficar, só o tempo dirá. Mas você já pode ir se acostumando. Afinal, os aplicativos de mensagens padrões ou com propostas inusitadas como o Sarahah fazem parte da nossa realidade.

Ana Eliza Oliveira

Ana Eliza Oliveira

Flipboard

Jornalista com experiência em marketing político e comunicação digital. Sócia da agência Nuvem Digital.

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